Archive for maio 2011
Stress e TDAH
Posted maio 27, 2011
on:O stress é conhecido por acarretar patologias diversas, mas pouco se fala do modo como ele pode gravar as patologias já existentes e do stress associado a outras doenças (comorbidade).
O TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) é uma patologia que tem origem no organismo, mais exatamente no córtex cerebral, localizado na parte frontal da cabeça (próximo à testa), que tem seu funcionamento comprometido, o que faz a pessoa ter problemas de memória, impulsividade, dificuldade de concentração e hiperatividade. O TDAH apresenta algumas doenças associadas que podem aparecer ou não, como depressão, transtorno de ansiedade, tabagismo, distúrbio alimentar e transtorno de sono.
O stress pode aumentar as chances da pessoa com TDAH desenvolver alguma ou algumas dessas doenças, por isso é tão importante que o stress seja combatido em pacientes com TDAH. O stress potencializa a desatenção, a impulsividade, a hiperatividade e as variações de humor da pessoa acometida com TDAH.
Além do acompanhamento com um psiquiatra, deve-se procurar um psicólogo para trabalhar as causas do stress, uma vez que o stress não é puramente físico e tem base psicológica.
Matéria com a minha participação no Jornal da ECA-USP entitulada: Em guerra com a própria mente
Posted maio 17, 2011
on:Com um passado e um presente de intervenções militares, os Estados Unidos protagonizaram diversos conflitos mundiais, rendendo muitos temas polêmicos para a sétima arte. A Guerra do Vietnã, uma das mais abordadas, tem no filme “Apocalypse Now” (1979) uma de suas maiores críticas, principalmente por expor a “Síndrome do Vietnã”, mal que abalou a sociedade dos EUA após o retorno dos veteranos.
O longa foi rodado no sudeste asiático, e demorou quase dois anos para ser concluído. O diretor, Francis Ford Coppola, construiu uma história que relata a grande tortura mental que foi a guerra para os soldados norte-americanos. Expostos a uma condição climática extrema, sem nenhum treinamento ou organização, esses jovens passaram a desenvolver o chamado Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT).
No filme, o capitão Willard (Martin Sheen), do exército americano, é designado por seus chefes para matar um alto comandante (Marlon Brando). Esse oficial acabou trazendo problemas aos EUA depois de adquirir um comportamento extremamente violento e sanguinário. Ao conversar com Willard, seu superior general resume alguns pontos importantes da condição psicológica a que estavam submetidos. “Nesta guerra as coisas se confundem: poder, ideias, a velha moralidade e a necessidade militar prática. Todos os homens têm um ponto fraco. Walt Kurtz alcançou o dele e, obviamente, enlouqueceu”, diz. No meio da viagem, o capitão se depara com os dramas da guerra do Vietnã enquanto segue rumo ao seu objetivo.
O TEPT se desenvolve quando uma pessoa é exposta a situações difíceis, fazendo com que ela reviva tais momentos mesmo após terem terminado, levando o organismo a um grande desgaste físico. A psicóloga Carine Teixeira Eleutério, que desenvolve sua pesquisa de mestrado na Unifesp sobre o tema, mostra que esse transtorno pode ter como sintomas suor, taquicardia, irritação e comportamentos típicos de ansiedade. Também cita a possibilidade do surgimento de novas manias, como ela própria reconhece no filme. “Observei nos soldados muitos destes sintomas, como a insistência em cuidar de um filhote de cachorro na guerra, ou brincadeiras impensadas e irracionais, como soltar sinalizador roxo no barco facilitando o ataque do inimigo e propiciando a morte de um soldado”, conta.
Coppola mostra ainda em seu filme outro componente típico da “Síndrome do Vietnã”. Em muitas cenas, os soldados fazem uso de drogas alucinógenas, além do constante abuso de álcool. Carine conta que essa é uma tentativa de fuga da realidade da guerra. Para ela, o uso de substâncias químicas também estaria relacionado à sensação imediata de prazer que elas produzem. “Há o desejo de que a droga possa resolver problemas ou aliviar as dores, as tensões e a solidão”, revela. Esse comportamento acompanha os veteranos mesmo após a guerra. A psicóloga ainda enumera outros sintomas da síndrome: “Os soldados americanos que voltaram apresentaram abuso e dependência de álcool, depressão e transtorno da personalidade antissocial”.
Para quem pensa que o TEPT se desenvolve nos veteranos apenas quando eles retornam ao território americano, é preciso lembrar de que o conflito (na fase de intervenção direta dos EUA) durou mais de 10 anos. Esse extenso período de tempo provocou nos soldados problemas psicológicos ainda em território vietnamita. No filme, o capitão Willard demonstra claramente já sofrer desse transtorno. Servindo muitos anos na guerra e morando em Saigon, ele chega a cometer autoflagelação antes de ser convocado novamente. “Essa violência pode estar relacionada a um sentimento de culpa, assim como seu afastamento das pessoas, com a guerra acontecendo onde ele está”, comenta a especialista.
Em meio a trabalho, família, cuidados com a casa e compromissos pessoais, os amigos acabam ficando de lado e reclamam da sua ausência. “Justamente por saber que eles não vão nos abandonar, deixamos de mostrar o quanto aquela presença é importante”, afirma a psi- cóloga Carine Eleutério. Essa verdade, no entanto, não impede que pessoas queridas fiquem magoadas com a sua distância e, mais tarde, se queixem. Para evitar problemas como este, a especialista oferece sete dicas capazes de manter as amizades aquecidas mesmo nos momentos de maior correria.
1-Use as redes sociais
As redes como Orkut e Facebook, além do prático e-mail, ajudam a manter contato com os novos e velhos amigos. Vale escrever para expressar saudade, para contar como têm sido seus dias ou para sugerir um encontro dali a um tempo. “A preocupação em dar notícias, por si, já é importante. Mesmo que vocês não combinem nenhum programa, já valeu a aproximação”, afirma a especialista.
2- Reúna os amigos novos aos velhos
A rotina, muitas vezes, afasta pessoas queridas. O novo emprego, o endereço distante ou um curso noturno são alguns dos obstáculos para pre- servar relações. “Renovar as amizades é importante e enriquece nossas experiências, mas não devemos deixar de lado os laços de quem esteve presente em outros momentos da nossa trajetória”, afirma a psicó- loga. Uma solução simples é juntar os amigos velhos com os novos, num mesmo encontro. “Isso mostra a eles que tê-los por perto é importante e incentiva ou- tras pessoas a pensarem em alternativas capazes de conciliar as agendas”, conta Carine.
3- Eleja um dia dedicado aos amigos
Seja todo sábado ou um dia no mês, o compromisso na agenda facilita o planejamento. O “qualquer dia desses” cede espaço a uma data marcada, nem que seja para tomar um café da manhã na padaria ou fazer um lanche. Mais do que o lugar, a conversa é o que vale.
4- Dê presentes fora de hora
Presente agrada em dias especiais, imagine então de surpresa? Aquela lembrancinha que você viu numa loja e fez lembrar um amigo é o que surpreende nesses momentos. “Dessa forma você mostra que presta atenção nas pessoas e que elas são importantes no seu cotidiano, é uma forma de demonstrar carinho”, explica Carine.
5- Vá a apresentações ou eventos organizados por seus amigos
Se você tem aquele amigo artista, que atua em peças de teatro ou prepara exposições, que tal prestigiá-lo? Há quem tenha grande prazer em orga- nizar eventos e, para essas pessoas, a sua presença é uma das melhores maneiras de demonstrar afeto. “Isso prova que, independente dos seus interesses pessoais, há um tempo especialmente dedicado à amizade”.
6- Mande um SMS
Usar o celular durante o expediente é proibido em muitas empresas, o que atrapalha o contato. Nesses casos, as mensagens de tarefas ganharem efeito dominó. Sem dúvida seus amigos vão entender e ficarão felizes em comemorar com você quando a fase difícil for celular são uma alternativa ao telefonema ou às redes sociais. Se a intenção é só dizer que está com saudades e mandar lembranças, um texto curtinho por telefone é alternativa prática e bem barata.
7- Faça visitas
Quando eleger um dia fixo para os amigos não é viável ou usar somente as redes sociais está ficando chato, uma opção é retornar aos modelos tradicionais. E uma passadinha na casa dos seus amigos, sem pretensão nenhuma a não ser dar um abraço, agrada e reafirma a importância daquela relação. Outra saída é convidar pequenos grupos para a sua casa – o número reduzido de pessoas é neces- sário para que vocês, realmente, consigam conversar. São convites simples, que mostram o quanto aquelas pessoas fazem parte do seu dia a dia, e não somente de datas especiais com marca no calendário”, afirma a especialista.
Matéria com a minha participação no jornal A Tarde da Bahia: Ansiedade pode influenciar no resultado dos exames
Posted maio 9, 2011
on:“Meu medo é perder no vestibular por causa da minha ansiedade”, confessa a estudante Letícia Gasparotto, 17 anos. O temor da garota faz sentido, analisa a psicóloga Carine Eleutério, especializada em estresse em adolescentes. “A ansiedade apresentada pelo aluno vai interferir no desenvolvimento e desempenho devido à tensão que ela causa, impedindo-o de se recordar dos conteúdos”, explica a especialista.
Segundo ela, a pressão social vinda da família, dos amigos e da escola para que o estudante ingresse em uma instituiç ão de ensino superior aumenta a ansiedade.
“Meus pais não me obrigaram a estudar, nem dizem que devo passar. Mas eu quero a aprovação E quero agora” fria Letícia que chega a estudar por seis horas. “Mas não tenho rotina, durmo tarde, à meia-noite, e acordo às 5 horas da manhã” revela a estudante.
A psicóloga Carine Eleutério ressalta que, no período pré-vestibular, tão importante quanto estudar é manter os momentos de lazer. “Para estudar comeficiência, é necessário estar descansado” disse a psicóloga.
E para quem, como Letícia, não mantem uma rotina, ela recomenda estabelecer um horário fixo de estudos. Carine afirma que o apoio da família e dos amigos, além de um espaço para falar dos anseios, é importante.
Escolher
“O momento da escolha profissional acontece cada vez mais cedo,por volta dos 16 aos 18 anos ” recorda a psicóloga Carine Eleutério. Letícia tem 17 anos e ainda não sabe se vai ser engenheira ou se fará faculdade de relações internacionais. “Estou em dúvida entre engenharia ambiental e civil, mas acho que tenho perfil para relaçoes internacionais”, conta a estudante. A especialista acrescenta que a necessidade de encontrar resposta gera ansiedade.
Matéria com a minha participação no jornal A Tarde da Bahia: Especialista dis que escola deve ensinar lições de respeito e ética
Posted maio 9, 2011
on:Para lidar com a homossexualidade do filho “Lilo”, o professor de artes Cássio Murilo de Almeida, dedicou-se a estudar “Diversidade de gênero”, como tema de sua dissertação de mestrado. “Quando ele me comunicou de sua orientação sexual, eu tive medo de ele ser agredido por isso. Mas meu filho é muito bem acolhido pela família”, conta Cássio Murilo de Almeida.
O estudioso critica o pouco espaço na sociedade para a discussão sobre o tema e acha que a escola deve dar aos alunos a oportunidade de entender melhor o que é homossexualidade, a bissexualidade e outras relações de gênero para que não discrimine jovensde sua faixa etária. “Quando se trata da questão racial há muito espaço e incentivo do governo federal.
KARINA COSTA
Especialista diz que escola deve ensinar lições de respeito e ética.
A psicóloga Carine Eleutério especializada em adolescência tece alguns comentários sobre o projeto. Ela explica que a escola representa nossa sociedade em proporções menores menores, onde as regras e punições são mais claras em outros ambientes.
Por conta disso, “A escola deve ensinar lições de respeito e ética para que eles saibam conviver com a diferença durantea vida”.
A especialista adverte que atitudes discriminatórias no ambiente escolar podem fazer com que o aluno perca o interesse pela escola e seja um adulto depressivo, isolado, ansioso e com baixa autoestima.
Integração
Ela destaca a importância da integração. As relações de amizade contruidas nessa fase são fundamentais para a preparação da pessoa para a vida adulta, acrescenta a psicóloga Carine.
Isso porque, segundo ela, o convívio com os colegas é importante para o conhecimento que esse adolescente tem dele mesmo e do mundo.
Sobre o comportamento dos adolescentes diante da temática, ela destaca o papel da família e da mídia “Esse tipo de preconceito e discriminação existe há muito tempo”.
Matéria com a minha participação: Homofobia entre os adolescentes prejudica o rendimento escolar
Posted maio 7, 2011
on:Um dos reflexos do preconceito nas escolas em relação à homofobia entre os adolescentes é a evasão escolar, que pode ser explicada pelas diversas marcas que deixou e deixa nas vidas de Mateus*, Fernanda* e tantos outros jovens vítimas de atitudes hostis. “Podemos falar das consequências mais comuns como o isolamento, aumento da ansiedade, estresse, depressão, irritabilidade e agressividade. Tais consequências trazem a distração e caso essa rejeição e/ou discriminação seja dos próprios colegas de escola, pode fazer com que o adolescente perca o interesse pela escola”, explica a psicóloga Carine Eleutério.
O preconceito que Mateus*sofreu em sala de aula foi o combustível para que desenvolvesse a depressão e a Síndrome do Pânico. Depois de receber frequentes ameaças – “não era nem pelo fato de dar pinta, era mais pelo fato de nunca terem me visto com garotas nem nada, nunca comentar sobre garotas e ter muitas garotas como amigas”, esclarece – o jovem de 18 anos parou os estudos e tentou voltar às salas, ainda, duas vezes, mas desistiu, por conta do preconceito. Hoje, ele optou por ensino a distância para concluir seus estudos.
Já Fernanda*, transexual assumida, sofreu bullying, inclusive, de funcionários da escola onde estudou. “Se eu fosse com o cabelo solto, eu era chamada para uma sala em que tinha que amarrá-lo. Se eu ia com as unhas pintadas eu era chamada pra mesma sala com uma acetona para eu tirar. E eu era tirada da minha aula apenas para fazer isso”, relata.
Hoje, aos 17 anos e sem ter completado o 1º ano do ensino médio, ela conta que chegou a receber ameaças de um ‘ex-ficante’, que foi ridicularizado por ter ficado com ela. A ameaça resultou na saída de Fernanda* da escola.
“O engraçado é que em pleno século 21, onde as meninas já sabem o que é sexo aos 13 anos, elas ainda se chocam com uma transexual dentro de uma escola”, desabafa.
Segundo o estudo “Juventude e Sexualidade” (2004) da Unesco aproximadamente ¼ dos alunos indicam que não gostariam de ter um colega de classe homossexual, sendo que tal incidência aumenta quando se fala apenas de homens: por exemplo, em Porto Alegre, enquanto 42% dos rapazes mostraram preconceito, a porcentagem baixa para 13% com as moças.
*Os nomes foram trocados para preservar as vítimas
Por Ana Paula de Araujo (MBPress)
Stress segundo a psicanálise
Posted maio 6, 2011
on:No dia 06/05 comemora-se o aniversário de nascimento de Freud, o pai da psicanálise. Embora a psicanálise seja a forma mais popular e conhecida da psicologia, o termo stress não faz parte da terminologia psicanalítica, embora seja comum no discurso das pessoas que procuram psicanálise, em diferentes contextos.
A psicanálise vê o stress de forma diferente do senso-comum. A maioria das pessoas conhece as causas que as leva ao stress: sobrecarga de trabalho, pressões pelo cumprimento de metas, trânsito, problemas pessoais, entre outros.
A psicanálise questiona: se os motivos do stress são conhecidos, por que a pessoa continua sofrendo? Por que muitas vezes as pessoas buscam alívio em novos comportamentos como a gula ou o alcoolismo, que trazem novos problemas? Por que mesmo que o stress seja reduzido através de técnicas como relaxamento, atividades físicas e massagens, ele ainda permanece?
A resposta é que cada pessoa conhece apenas parte dos motivos (sobrecarga de trabalho, trânsito, entre outros) que a leva ao stress. Mas há outra parte da resposta, “oculta”: o inconsciente. Ao analisar seus pacientes, Freud descobriu que havia outros sentidos para a ansiedade, desconhecidos para o paciente por serem inconscientes, mas que atuavam com muita força na produção da ansiedade e do stress.
Dessa forma, para Freud, ao conhecer as motivações que estavam em seu inconsciente, qualquer pessoa poderia superar seus problemas. Por exemplo, uma mulher criada num ambiente machista na infância e que tenta mostrar que não é “inferior” ao homem no trabalho ou uma pessoa que compete com colegas de trabalho da mesma forma que competia na infância com os irmãos em busca da atenção dos pais, ou inúmeros outros sentidos inconscientes que variam de acordo com a subjetividade e experiência de cada pessoa.
Por isso, a trajetória a andar durante a análise nem sempre é curta, mas pode ser muito positiva.